Em sua obra Crepúsculo dos ídolos Nietzsche diz que sua filosofia é a filosofia do martelo, usado para bater nos idolos. Esse bater, porém, tanto pode ser no sentido de destruir quanto de produzir sons. Se for de barro o ídolo (entenda-se: convicções, conceitos, crenças, etc.), há de se quebrar e cair por terra; de for de bronze, suportará as batidas, soando como sinfonia para ouvidos preparados.

Os poemas de Carlos Jr. também batem. Verdade que não batem com a força de um filósofo, mas com a revolta de um jovem poeta. Um inconformado diante dos idolos que a nossa sociedade forma com o barro da- hipocrisia.

Alguns escrevem para materializar sua visão de mundo: outros, para dar vazão à sua emoção; outros, ainda, por a diletantismo e ornamentação, Carlos Junior, em Sinfonia Para Martelos, está aí para comprovar: não o faz por nenhum desses motivos. O que o leva a escrever é o incômodo, sente-se incomodado e quer incomodar.

Alguns fazem de sua poesia um momento de contemplação, uma epifania sobre o mundo; outros, um grito lancinante de revolta, um inconformismo diante de uma paisagem marcada pela mediocridade e pela injustiça. O nosso poeta alinha-se com estes últimos. Sua poesia é um grito, ou melhor, um berro, uma porrada da qual não temos como dissimular o impacto. Só nos resta beijar a lona da nossa omissão com nossos trajes de meninos bem-comportados da mamãe.

Embora despreze e ataque a injustiça de seu tempo, não deve ser confundido com aqueles que, tomados de um esquerdismo infantil, se nomeiam arauto dos pobres, uma vez que mesmo estes também não estão isentos do deslumbramento pasmaceiro da cultura contemporânea, como se depreende em "Só admiram os inúteis/ Artistas descartáveis/../ Querem matar a cultura/ Injetar ideias fast-food" (Não De Arte Para Todos).

Sim, há versos ingênuos, beirando o cliché. É bom, no entanto, evitar juízos apressados, já que Carlos Junior, neste livro, aproxima-se destemido desse recurso para revelar-nos o ridículo da chamada experiência humana, Numa época marcada por uma acomodação ditada pelo mercado sua ousadia determinará um desacordo com o já feito, com a mesmice. Qualidade rara nesta província tupiniquim na qual nos chafurdamos.

E isto, Carlos Jr., como já o fizera em seu livro anterior, Toda Surder Será Castigada incita-nos agora, em Sinfonia Para Martelos com ecos de cena punk, a cair na real. E isso não é pouco.

João Neto

 

 

 

Ficha técnica
Número de páginas                  66  
Edição 1
Data de publicação                    Março de 2013
Idioma Português

 

 

 

 

 

 

 

 

• Prazo para postagem: 15 dias úteis após a comprovação do pagamento.     

Sinfonia Para Martelos

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Em sua obra Crepúsculo dos ídolos Nietzsche diz que sua filosofia é a filosofia do martelo, usado para bater nos idolos. Esse bater, porém, tanto pode ser no sentido de destruir quanto de produzir sons. Se for de barro o ídolo (entenda-se: convicções, conceitos, crenças, etc.), há de se quebrar e cair por terra; de for de bronze, suportará as batidas, soando como sinfonia para ouvidos preparados.

Os poemas de Carlos Jr. também batem. Verdade que não batem com a força de um filósofo, mas com a revolta de um jovem poeta. Um inconformado diante dos idolos que a nossa sociedade forma com o barro da- hipocrisia.

Alguns escrevem para materializar sua visão de mundo: outros, para dar vazão à sua emoção; outros, ainda, por a diletantismo e ornamentação, Carlos Junior, em Sinfonia Para Martelos, está aí para comprovar: não o faz por nenhum desses motivos. O que o leva a escrever é o incômodo, sente-se incomodado e quer incomodar.

Alguns fazem de sua poesia um momento de contemplação, uma epifania sobre o mundo; outros, um grito lancinante de revolta, um inconformismo diante de uma paisagem marcada pela mediocridade e pela injustiça. O nosso poeta alinha-se com estes últimos. Sua poesia é um grito, ou melhor, um berro, uma porrada da qual não temos como dissimular o impacto. Só nos resta beijar a lona da nossa omissão com nossos trajes de meninos bem-comportados da mamãe.

Embora despreze e ataque a injustiça de seu tempo, não deve ser confundido com aqueles que, tomados de um esquerdismo infantil, se nomeiam arauto dos pobres, uma vez que mesmo estes também não estão isentos do deslumbramento pasmaceiro da cultura contemporânea, como se depreende em "Só admiram os inúteis/ Artistas descartáveis/../ Querem matar a cultura/ Injetar ideias fast-food" (Não De Arte Para Todos).

Sim, há versos ingênuos, beirando o cliché. É bom, no entanto, evitar juízos apressados, já que Carlos Junior, neste livro, aproxima-se destemido desse recurso para revelar-nos o ridículo da chamada experiência humana, Numa época marcada por uma acomodação ditada pelo mercado sua ousadia determinará um desacordo com o já feito, com a mesmice. Qualidade rara nesta província tupiniquim na qual nos chafurdamos.

E isto, Carlos Jr., como já o fizera em seu livro anterior, Toda Surder Será Castigada incita-nos agora, em Sinfonia Para Martelos com ecos de cena punk, a cair na real. E isso não é pouco.

João Neto

 

 

 

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Número de páginas                  66  
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Data de publicação                    Março de 2013
Idioma Português

 

 

 

 

 

 

 

 

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